Não era de se esperar outra coisa de uma pessoa que tem um blog intitulado “Idéias de Jerico” que não muitas idéias de jerico, não é mesmo? Pois bem, cá estou para falar, de novo, sobre a propaganda veiculada pelo TSE sobre a campanha eleitoral deste ano de 2006. Minha primeira idéia de jerico (neste contexto) foi ter resolvido escrever sobre política. Coisa que, de fato, detesto. A segunda idéia de jerico foi ter escrito um texto não muito conciso. Então vamos aos esclarecimentos:
1. Em meu post anterior, eu disse que brasileiro não sabe votar. Aprendi na escola que não devemos fazer generalizações, logo: a maioria dos brasileiros não sabe votar. A elite – eu diria que 99%, para não ter que generalizar – sabe votar muito bem. Vota de acordo com seus interesses. E sempre se dá muitíssimo bem. A classe média tem a ilusão de que um dia chegará à condição de elite e segue os votos desta. Daí para baixo, coitados, não há muito que comentar. Os poucos que têm algum interesse, não fazem um bom uso de seu voto.
2. Sobre o voto de cabresto: espero ter sido clara quanto a isso, mas não custa nada frisar novamente. O voto de cabresto existe, sim, no Brasil. É fato. E eu sou totalmente contra! Não suporto ver alguém obrigando uma pessoa a votar em “A” ou “B” visando interesse pessoal. Não em pleno século XXI. Não em um país que se diz democrático. Pior que isso, só mesmo os votos comprados. Mas isso é assunto para uma outra hora.
3. Aproveitando o ensejo, vamos ver se nossos conceitos de democracia são os mesmos. Aqui no meu Aurélio tem escrito o seguinte: Democracia: sf. 1. governo do povo; soberania popular. 2. doutrina ou regime político baseado nos princípios da soberania popular e da distribuição eqüitativa do poder. Soberania popular? Poder igualitário? Onde é que estão que não vejo? Não posso ser a única que não enxerga isso! Nossa democracia é representativa, ou seja, regime republicano - no qual o governo DEVERIA representar os interesses da maioria (que, afinal, o elegeu para isso).
4. Voltando ao slogan, o TSE quer nos convencer de que nosso voto (único, portanto meu – ou seu, no seu caso) é de direito, não de dever. Mas numa democracia em que se é obrigado a votar eu não vejo o voto como direito, vejo como obrigação. Então não preciso de neguinho me dizendo: “vá votar! Você tem direito!”, quando as conseqüências da minha não-votação vão muito além de um governo ruim. Outra: nos passar a idéia do voto individual é bom para quem? Um voto, sozinho, não faz diferença. Se eu simplesmente “entender” o sentido que eles querem nos passar e for lá votar, bonitinho, no candidato que melhor me convier, devo ficar com a consciência limpa? Devo me sentir isenta da culpa de um governo ruim caso um outro candidato seja eleito? Outra vez eu pergunto: cadê a democracia? Exerci meu papel de cidadã? O Brasil é tão bom quanto o meu voto? Mas meu candidato não ganhou a eleição, como pode, então?
5. Por que não incentivar a população a debater sobre política? Por que não nos incentivar a discutir sobre os candidatos em casa, na escola, nos bares da vida? Por que não nos dizer que democracia é ter o direito de votar e o dever de angariar votos para o melhor candidato? Porque a partir do momento que entendermos que, JUNTOS, conseguiremos fazer diferente, que, JUNTOS, conseguiremos fazer diferença, eles estarão perdidos. Mas é aí que me vem a terceira idéia de jerico sobre este assunto, esta sim é uma grande idéia de jerico: doce ilusão, a minha, esperar que eles (TSE, gente!) façam qualquer coisa nesse sentido.
6. Devo me conformar com a situação e aceitar a dura realidade de que, por hora, o Brasil não tem solução, né? Né, não! Uma dica (valeu, Cris!): para começar, saibam em quem não se deve votar: